Um ensaio de abertura, deliberadamente provocador, será seguido por respostas de dentro e fora do C4SS. Contribuições e comentários dos leitores são muito bem vindos. A seguinte conversa começa com um artigo de Casey Given, “Qual o sentido de checar seus privilégios?“. Nathan Goodman, Kevin Carson, Casey Given e Cathy Reisenwitz prepararam uma série de artigos que desafiam, exploram e respondem aos temas apresentados no artigo original de Given. Ao longo da próxima semana, o C4SS publicará todas as suas respostas. A série final poderá ser acessada na categoria O sentido do privilégio.
É difícil apontar exatamente onde Nathan Goodman e eu discordamos a respeito da análise do privilégio. Em “As várias funções da análise do privilégio“, ele concorda comigo ao afirmar que a discussão se torna “vaga” quando consideramos “direitos básicos”, como não sermos perseguidos por raça, são tratados estranhamente “como privilégios”. Além disso, ele prefere evitar o uso da expressão “cheque seus privilégios” porque “muitos têm reações negativas a essa expressão” — algo que eu mesmo afirmei em minha resposta a Kevin Carson.
Além disso, Nathan reconhece a crítica coletivista avançada por muitos libertários — que eu evitei durante esta série, por uma preocupação com a originalidade — de que a análise do privilégio “envolve premissas injustificadas a respeito dos indivíduos”. Nathan corretamente demonstra que não há uma “experiência feminina” ou uma “experiência negra” padronizada, já que cada indivíduo é produto de vários fatores socioeconômicos (como raça, gênero, riqueza, sexualidade, capacidade, etc). Além disso, ele aponta corretamente para o fato de que qualquer tentativa de essencializar uma “experiência feminina” ou uma “experiência negra” normalmente favorece os indivíduos mais favorecidos: “Por exemplo, uma “experiência feminina” padrão pode descrever especificamente aquilo que é sentido por mulheres brancas heterossexuais e cisgênero, que passam por situações de misoginia mas não são vítimas da homofobia, transfobia e do racismo por que outras mulheres passam.”
Apesar de todas as suas críticas convincentes à análise do privilégio, Nathan ainda vê valor nela. Para salvar o privilégio de suas armadilhas coletivistas, Nathan apresenta o anti-essencialismo como meio para “observar os indivíduos de forma holística”, ao invés de utilizar premissas categóricas sobre suas experiências. Porém, como a visão de Nathan sobre o anti-essencialismo difere da resposta libertária padrão de que devemos julgar os indivíduos por suas experiências pessoais? Não é que eu discorde de Nathan, eu apenas não vejo em que ponto ele discorda de mim.