Um terremoto de magnitude 7.8 devastou o Nepal. Construções, novas e antigas, ruíram. Casas mais antigas de alvenaria e madeira foram reduzidas a escombros.
Em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, Bhaskar Gautam, um sociólogo local, descreve a situação das pessoas mais vulneráveis: “Fora de Kathmandu, são os pobres em áreas rurais. Dentro da cidade, porém, são as pessoas que moram em casas mais antigas. É óbvio: quanto mais rico você é, mais forte a sua casa”. Por anos e anos, os nepaleses têm tentado melhorar seus preparativos para momentos de desastre, mas a maioria tem poucos recursos.
Kshitiz Nyaupane, um jovem habitante de Kathmandu, foi citado pela revista Time: “Nosso governo não é forte o bastante para enfrentar a situação. Precisamos lidar com ela por conta própria”. Seu sentimento reflete o de muitos da região. O sistema político nepalês tem um longo histórico de indecisão, conflito e instabilidade. Para proteger os interesses da classe política, necessidades de infraestrutura têm sido ignoradas.
Novamente, a disparidade e a assimetria das relações de poder agravam a severidade da crise.
Infelizmente, as próprias instituições que causam essas disparidades são aquelas de que a população depende nesse momento. Com a chegada de doações ao Nepal, as vítimas continuam a ter dificuldades para reconquistar o controle sobre as próprias vidas. Enquanto isso, são tomadas diversas decisões sobre a distribuição de recursos. O fluxo de doações que chega à região certamente ajudará a salvar vidas, mas muitos que foram vitimados pelo terremoto já têm que esperar dias por comida e abrigo enquanto os burocratas do governo tiram fotos, se escondem do público.
A situação é tão ruim que os nepaleses já bloqueiam caminhões que levam auxílio para as vítimas. Protestos crescem em frente ao parlamento do Nepal. Os cidadãos exigem mais ajuda às dezenas de milhares de pessoas que perderam as casas e necessitam de comida e água.
Então, o que pode ser feito? O que se pode fazer para diminuir a disparidade de riquezas? Que passos devem ser tomados para garantir que os mais pobres não continuem a ser os mais atingidos pelos desastres?
Uma das respostas pode estar nas forças sociais altruístas da região. Em uma entrevista à Associated Press, um nepalês fala de sua frustração com o governo: “Apenas as pessoas que também perderam suas casas também estão me ajudando. Nós não estamos recebendo nenhum auxílio do governo”. Em momentos de calamidade, não há mentalidade de violência geral ou de sobrevivência do mais apto. Vemos, ao contrário, a emergência do mutualismo. O altruísmo está vivo e é parte da natureza humana.
Os nepaleses estão se juntando em grupos para se proteger do frio, dividindo cobertores, comida, água e muito mais. Pesquisas mostram que esse comportamento altruísta é comum em situações de desastre. Com frequência, as autoridades são egoístas. Temendo a anarquia, as estruturas de poder frequentemente se voltam contra o comportamento altruísta.
No entanto, a condição humana prevalece. Em crises dessa natureza, há sempre esperança, generosidade e solidariedade. O princípio libertário do auxílio mútuo brilha.
Isso, claro, fortalece o ímpeto contra a classe dominante. Mesmo em situações de calamidade, construímos redes de cooperação. Isso serve como um lembrete de que a cooperação social é intrínseca à condição humana. Se a compreendemos, enfrentamos as desigualdades. Se queremos chegar a uma sociedade mais livre, celebramos os mercados altruístas que emergem. Podemos aliviar o sofrimento humano simplesmente pelo avanço da liberdade.