No dia 7 de agosto, o presidente Barack Obama anunciou sua autorização a ataques direcionados no Iraque para suprimir a ofensiva da milícia ISIS. As ações seguintes do governo de Obama também são importantes. As bombas começaram a ser lançadas na sexta-feira, anunciando sem dizer nada que a política de gerenciar as questões iraquianas de longe está longe de acabar.
O lembrete não surpreende. Ao longo da história do Iraque, as potências ocidentais sempre estiveram presentes, fazendo suas exigências. Desde seu nascimento, o Iraque é exemplifica por que intervenções externas criam sempre mais problemas do que solucionam.
Por exemplo, o caos atual no Iraque resulta diretamente da invasão de 2003 que derrubou Saddam Hussein. Antes disso, os crimes de Saddam foram apoiados pelo governo americano, que vendeu a ele armas químicas, que ele acabou utilizando contra os curdos. Efetivamente, a maior parte das tensões étnicas se deve às fronteiras arbitrárias desenhadas pelos britânicos após a derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial.
Obama garante que ele “não permitira que os Estados Unidos sejam empurrados a mais uma guerra no Iraque”, reconhecendo que “não há solução militar americana para a crise iraquiana”. Contudo, suas ações mostram que o que conta como solução será determinado pelos termos estabelecidos por ele e pelo governo que ele representa.
Mesmo se ele mantiver sua palavra e não lançar mais uma invasão ao país, ele ainda assume o direito de ditar o futuro do Iraque. O Iraque é ainda a propriedade dos Estados Unidos.
Uma segunda mensagem oculta é o desprezo pela vida humana que estiver no caminho das operações do exércio dos EUA. Obama está certo em condenar os crimes abomináveis cometidos pela ISIS. Mesmo assim, isso não desculpa sua administração pelo assassinato de inocentes como danos colaterais.
Não importa quão bom foi o “direcionamento” dos ataques, inocentes serão parte da contagem de mortos. É claro, essas mortes são consideradas um efeito infeliz, não-intencional e indesejado dos ataques, que são direcionados à ISIS. Porém, a guerra moderna transcorre de forma que essas mortes não sejam irrelevantes, porque podem ser previstas com quase certeza e não é exagero considerar que ainda se trata de assassinato.
Assim como a contínua hegemonia americana não surpreende, também não deve impressionar o fato de que o governo dos Estados Unidos incinerará inocentes em grandes números com impunidade. Ao firmar seu direito de atacar o que quiser, os EUA já mataram mais de 2.400 pessoas nos últimos 5 anos somente com seu programa de drones.
Há outra coisa que Obama optou por omitir, mas que pode ser ouvida com clareza através de suas ações, que devem ser lembradas pelo povo americano. Não importa quais valores você pense que um político possua, lembre-se de que esses serão necessariamente esquecidos ao chegar ao poder.
A longa campanha de caos nos Estados Unidos é um projeto bipartidário. No governo do presidente democrata John F. Kennedy, a CIA agiu para derrubar líderes hostis. Os republicanos Ronald Reagan e George H.W. Bush venderam a Saddam Hussei as armas que ele usaria contra seu próprio povo antes que Bush invadisse o país na Primeira Guerra do Golfo. O democrata Bill Clinton passou os anos 1990 levantando sanções para fazer crianças iraquianas morrerem de fome, bombardeando o país e mudando oficialmente a política americana para o Iraque para uma de mudança de regime.
Em 2003, o republicano George W. Bush realizou essa política, iniciando a Segunda Guerra do Golfo. Os americanos passaram a odiar cada vez mais essa guerra e dois candidatos a presidente democratas em seguida fizeram campanhas com pedidos de paz.
Agora esses candidatos estão em posições de decidir a política americana no Iraque. John Kerry como secretário de estado e Barack Obama como presidente. Com esse poder, eles decidiram enviar mais soldados e mísseis, mantendo o domínio americano.
Sabendo de tudo isso, o povo americano deve levantar a voz e se recusar a lutar.
Sabendo que o exército americano será usado para agressão e dominação, não importa quem o controle, os americanos devem se recusar a se alistar. Além disso, devem fazer tudo o que puderem para que chegue o dia em que presidentes e secretários de estado deixem de ter a voz para fazer ameaças e lançar seus ataques.