Paul Krugman recentemente argumentou que “conquistar é para perdedores” (“Conquest is for Losers“, New York Times, 21 de Dezembro) como Vladimir Putin: “Não é possível tratar uma sociedade moderna da forma que a antiga Roma tratava uma província conquistada sem destruir as riquezas que você está tentando conquistar. Nesse meio tempo, a guerra ou a ameaça da guerra, ao perturbar o comércio e as conexões financeiras, causa grandes custos, muito mais altos do que os gastos diretos de manutenção e emprego de exércitos. A guerra torna você mais pobre e fraco, mesmo se você vencer”.
Quando os agressores de fato lucram no mundo atual, isso ocorre “invariavelmente em locais onde matérias-primas são a única fonte real de riqueza”, através da extração de bens portáteis como diamante e marfim. Porém, a riqueza interconectada e intangível das finanças modernas não pode ser roubada dessa maneira. A invasão de Putin da Crimeia foi uma vitória militar fácil, mas que rapidamente se tornou um problema econômico, multiplicado pela exclusão da Rússia do suporte financeiro global.
Esse excelente resumo dos benefícios da cooperação econômica, explicando a divisão do trabalho e a heterogeneidade da riqueza, é bem vindo quando escrito pelo economista que disse em 14 de setembro de 2001 que “o ataque terrorista — como o dia da infâmia, que acabou com a Grande Depressão — poderia trazer alguns benefícios econômicos”, uma vez que “a destruição não é grande se comparada à economia, mas a reconstrução gerará pelo menos alguns aumentos de gastos empresariais”, e que afirmou na CNN que “se nós descobríssemos que alienígenas planejam um ataque e precisaríamos de um acúmulo enorme para contra-atacar a ameaça alien, colocando inflação e déficits orçamentários como considerações secundárias, esta recessão acabaria em 18 meses” (desde então, Krugman afirmou que estava fazendo uma “piada” no último caso, mas a versão do 11 de setembro não é tão engraçada).
Neoconservadores, como Krugman observa, elogiam abertamente os métodos de Putin, identificando-os como versões mais diretas dos seus (e ignorando seu keynesianismo militar). Esses paralelos são inevitáveis em economistas estatistas. Outras agências com iniciais diferentes podem ser mais leves que a KGB, mas “a violência e as ameaças de violência, suplementadas pelo suborno e pela corrupção” permanecem sua única fonte de riqueza. Outra coluna com a mesma tese (“Why We Fight“, 18 de agosto) observa: “É muito difícil extrair ovos de ouro de economias sofisticadas sem matar a galinha no processo”. Essas mudanças em direção à heterogeneidade e à descentralização, auxiliadas por possibilidades nascentes como as criptomoedas, dificuldam a extração de riqueza e a tornam mais difícil de taxar.
O estado keynesiano do século 20 foi construído sobre uma base econômica de uso massivo de matérias-primas, inclusive o petróleo que Krugman aponta como o motivo oculto da existência do ISIS. Ironicamente, ninguém foi mais presciente sobre a necessidade de transcender a economia baseada em combustíveis fósseis que um dos maiores representantes do movimento libertário — que frequentemente é visto como só uma fachada das grandes petroleiras — Karl Hess. No documentário vencedor do Oscar de 1980 Karl Hess: Toward Liberty, ele observou: “A energia solar tem implicações muito amplas. Ela está disponível em todo o mundo. É muito descentralizada. Se a energia puder ser coletada em qualquer parte da Terra, isso significa que mecanismos centrais não são necessários, que podemos produzir coisas importantes localmente”. Logo, “o Sol diz ‘liberdade'”. Da mesma forma que a economia livre que ele alimentaria.