“Uau! Um dos maiores mercados de Bitcoin da internet acaba de desaparecer e, em vez de entrar em colapso, o Bitcoin ainda é comercializado por cerca de US$ 500! Que moeda robusta e resistente! Que história de sucesso! Uau! Uau!”Sanidade no jornalismo? Nem tanta. Em vez dela, nós vemos as figuras de sempre falando as mesmas bobagens que diziam desde que souberam da existência do Bitcoin: “O futuro do bitcoin é incerto“.
Eu duvido.
Mesmo se o valor do Bitcoin cair a zero amanhã ou depois, ele ainda terá sido um sucesso estrondoso: uma prova de que uma moeda não-governamental, peer-to-peer, auto-organizada e sem autoridade central pode ser feita.
Sim, alguns especuladores (“compre na baixa, venda na alta”) foram prejudicados com a oscilação dos seus “investimentos” em Bitcoin. Por outro lado, alguns se tornaram bastante ricos. E o Bitcoin não foi feito para ser um investimento, mas um meio de troca.
Sim, algumas pessoas que consideraram o Bitcoin como meio de troca também foram prejudicadas, de duas maneiras. Os governos roubaram quantidades significativas de Bitcoin — por exemplo, dos consumidores do Silk Road — e hackers também o fizeram. Contudo, por algum motivo, não consigo sintonizar a cobertura indignada da CNN de como o futuro do dólar americano (de que o próprio emissor, o governo dos EUA, rouba grandes quantidades através de impostos e da inflação) e dos cartões de crédito e débito (o roubo de Bitcoin é bastante irrisório comparado à fraude de cartões) são “incertos”.
Claro, o Bitcoin de fato pode se tornar irrelevante, substituído por criptomoedas mais fortes, sólidas e anônimas. Litcoin. Dogecoin. O Zerocoin, que está em desenvolvimento. Eu não consigo nem começar a prever qual criptomoeda passará a ser, eventualmente, o “padrão” ou um dos meios de troca digitais “mais confiáveis”.
O que eu sou capaz de prever com confiança é que as criptomoedas vieram para ficar.
Por que? Porque funcionam. Elas se prestam a várias funções importantes. Não apenas protegem os usuários de roubos privados e governamentais, mas também viabilizam os “micropagamentos” — extremamente importantes no comércio pela internet de itens de baixo valor —, tornando as fronteiras economicamente supérfluas.
Os próprios veículos da mídia poderiam pesquisar de forma independente o Bitcoin e outras criptomoedas, ao invés de tentar espalhar o pânico de maneira conveniente para o estado. Os jornais há anos se queixam de que a internet prejudicou seus negócios. Eles já até adotaram um modelo de “micropagamentos agregados” (vendas de publicidade a preços muito baixos, por impressão ou clique) para encontrarem um alento financeiro. Abrir-se ao pagamento em criptomoedas, em vez de estabelecer muros de cobrança em dolar que poucas pessoas estão dispostas a pagar, parece ser o caminho mais lógico em seus planos de recuperação econômica.
Os únicos que têm algo a temer com o Bitcoin e seus derivados são os governos (que dependem de sua capacidade de cobrar impostos) e a classe política (inclusive os parasitas pseudo-“privados”, que vivem do seu acesso privilegiado ao dinheiro estatal). E eles devem ter medo. Porque o tempo deles está acabando.