Com a recente onda de ataques terroristas em Paris, Beirute e no Quênia, o correspondente da CNN para a Casa Branca Jim Acosta perguntou a Barack Obama: “Por que não podemos matar esses desgraçados?”. Acosta ecoa o sentimento de muitos que estão sedentos por vingança e querem mais intervenção no Oriente Médio.
Ironicamente, os revanchistas que desejam uma nova invasão do Iraque e da Síria têm algumas perguntas a responder. Quantas vidas americanas você está disposto a sacrificar? Quantos civis estrangeiros está disposto a matar? E quanto dinheiro de impostos você está disposto a usar nessa causa? A última aventura americana no Iraque custou US$ 1,7 trilhão de acordo com o Instituto Watson de Estudos Internacionais da Universidade Brown, sem levar em conta os custos futuros associados aos gastos com saúde e oportunidades econômicas perdidas pelos veteranos. O verdadeiro custo da desventura iraquiana foi de US$ 6 trilhões. Uma nova invasão levaria a custos econômicos ainda mais altos, além de ainda mais mortes.
Por sinal, o programa de bombardeio com drones do governo Obama não tem ganhado muitos aliados para os EUA no exterior. Os mais nostálgicos pela Segunda Guerra Mundial devem se lembrar que os bombardeios de Dresden e Tóquio e as mortes de civis resultantes delas estão entre os momentos mais tenebrosos dos Estados Unidos, juntamente com os ataques a Hiroshima e Nagasaki. Não devemos revivê-los. Além das mortes de civis, há também a perspectiva de manutenção de tropas nos países invadidos por um período indefinido até que a área esteja segura. A ocupação anterior dos EUA durou uma década e não conseguiu evitar a ascensão de um novo regime ainda pior do que aquele que foi derrubado. Os vácuos de poder criados pelo governo em regiões voláteis têm grande probabilidade de serem preenchidos por regimes radicalmente opressores. E para evitar esse vácuo, instala-se uma ocupação perpétua. E, como já vimos, qualquer ocupação prolongada corre o risco de terminar quando a população e a classe política se cansam dela e instalam uma nova liderança menos dedicada à causa.
Permitir que os ataques terroristas instiguem uma grande guerra seria dar aos terroristas o que eles querem. O mesmo se pode dizer a respeito da recusa em aceitar aqueles que buscam refúgio daquele mesmo grupo terrorista que toma crédito pelos ataques. O ISIS adoraria ver que suas vítimas são incapazes de conseguir asilo no exterior. Infelizmente, até o pretenso libertário Rand Paul já perdeu o pouco que restava de sua credibilidade por estar do lado errado dessa questão. Fechar nossas fronteiras àqueles que necessitam e transformar os EUA num estado policial apenas recompensa o terrorismo. É impossível deixar de lembrar dos judeus que deixavam a Europa que os EUA rejeitou nos anos 1930. Deveríamos dar àqueles vitimizados por regimes autocráticos a liberdade para votar com seus pés, migrar e experimentar uma sociedade mais livre.
Redes terroristas globais não são como governos que podem ser depostos com o assassinato de um líder ou a ocupação de uma capital. Elas carecem das fronteiras finitas dos estados; assim, a única forma de lutar contra eles é minando sua ideologia. A melhor forma de fazer isso é expondo as pessoas a mais oportunidades e exemplos, sem criar inimigos no exterior através de intervenções violentas no exterior. A intervenção militar apenas estimula os ataques terroristas, intensificando a raiva que os justifica.