Regularmente, com o passar de alguns meses, o governo dos Estados Unidos acaba se aproximando de seu autoimposto “teto da dívida”. E, regularmente, o povo americano é obrigado a testemunhar o ridículo teatro da “elevação” desse teto, sempre acompanhado com projeções histéricas de cenários assustadores que ocorreriam se os políticos não pudessem gastar quanto dinheiro quisessem em qualquer coisa que desejassem. Assim, regularmente, os partidos dominantes chegam à conclusão conjunta de que se deve pegar ainda mais empréstimos ao invés de gastar somente aquilo que já está no orçamento.
Por que os políticos americanos não equilibram seu orçamento coletivo? Evidentemente, porque eles não acreditam que precisem.
Não é que fosse ser complicado fazer isso. Na realidade, seria bastante simples.
O Congressional Budget Office (o gabinete responsável pelos cálculos orçamentários do governo americano) estima que, no ano fiscal de 2014, o governo dos EUA gastará US$ 514 bilhões a mais do que deve roubar na forma de impostos. Esse mesmo governo poderia cortar seus gastos militares em US$ 514 bilhões e ainda estaria em terceiro na lista dos países que mais gastam com “defesa” (atrás apenas de Rússia e China).
Na verdade, entre estados-nação, os Estados Unidos não deveriam nem estar no top 10. Os EUA atualmente não têm inimigos próximos a suas fronteiras (nem terão no futuro próximo). O país está separado de seus inimigos mais prováveis e perigosos por milhares de quilômetros de oceanos, tundra e outros estados-nação. Cortar seus gastos militares até um nível não tão absurdamente insano diminuiria – e não aumentaria – a probabilidade de que o Estados Unidos embarcassem nas desventuras globais pelas quais seus políticos têm obsessão.
Portanto, vamos abandonar a ideia de que o governo americano enfrenta um dilema ou um enigma ao se deparar com sua dívida crescente e que a única solução é aumentá-la ainda mais. Isso é simplesmente falso. Ele poderia equilibrar seu orçamento hoje mesmo e estar numa posição melhor por isso, não só no aspecto fiscal, mas também em quase todos os outros aspectos.
Então, de novo: por que nunca fazem isso?
E, de novo: porque não acreditam precisar.
Afinal, os políticos há decadas roubam porcentagens de dois dígitos do trabalho e da riqueza do povo e pegam quantias de dinheiro similares de quem está disposto a emprestar para o governo (e que esperam que o governo continue roubando cada vez mais para manter seus pagamentos), sem punição aparente.
Como todos os parasitas e viciados, eles se convenceram de que a festa nunca vai acabar, que podem continuar fazendo que quiserem e tirando cada vez mais dinheiro da população, conforme necessário.
Os políticos já acrescentaram até mesmo uma cláusula “não acabe com nossa festa” na Constituição americana: “A validade da dívida pública dos Estados Unidos, autorizada por lei […], não será questionada”.
Bobagem. A dívida já se tornou uma montanha tão gigantesca que ninguém mais acha que ela jamais será paga. Além disso, a noção de que a dívida é “pública” é um completo absurdo. Não é o povo quem está passando os cheques. São os governantes. Nós não somos responsáveis por seus projetos criminosos; eles são.
Em algum momento, tanto a dívida quanto os políticos que a contraíram não serão apenas “questionados”, mas repudiados – por todos nós. Quanto mais cedo isso acontecer, melhor.