Votar significa expressar uma preferência. Não há nada implicitamente perverso em escolher. Todos nós, no curso normal de nossas vidas, votamos por ou contra dúzias de produtos e serviços. Quando nós votamos por (compramos) algum bem ou serviço, se segue que por uma negligência salutar nós votamos contra os bens e serviços que não escolhemos comprar. O grande mérito da escolha no mercado é que ninguém é obrigado pelas escolhas de ninguém. Eu posso escolher a Marca X. Mas isso não pode impedi-lo de escolher a Marca Y.
Quando nós colocamos a votação na estrutura da política, contudo, uma grande mudança ocorre. Quando nós expressamos uma preferência politicamente, nós o fazemos precisamente porque pretendemos submeter os outros à nossa vontade. A votação política é o método legal que nós adotamos e exaltamos para obter monopólios de poder. A votação política não é nada mais do que a idéia de que o poder faz o direito. Há uma presunção de que qualquer política desejada pela maioria daqueles expressando uma preferência deve ser desejável, e a inferência vai tão longe até a presunção de que quem difere da opinião da maioria está errado ou é possivelmente imoral.
Mas a história mostra repetidamente a loucura das massas e a irracionalidade das maiorias. O único mérito concebível em relação à regra da maioria está no fato de que se obtivermos o monopólio das decisões por esse processo, nós coagiremos menos pessoas do que se permitirmos que a minoria coaja a maioria. Mas implícita em toda votação política está a necessidade de coagir alguém para que todos sejam controlados. A direção tomada pelo controle é acadêmica. O controle como um monopólio nas mãos do estado é básico.
Em tempos como estes, os homens livres devem reexaminar suas crenças mais estimadas e bem estabelecidas. Há apenas uma posição realmente moral para uma pessoa moral tomar. Ela precisa se abster de coagir seus semelhantes. Isso significa que ela precisa se recusar a participar do processo por meio do qual alguns homens obtêm poder sobre os outros. Se você dá valor ao seu direito à vida, à liberdade e à propriedade, então claramente há toda razão para se abster de participar num processo que é desenhado para remover a vida, a liberdade ou a propriedade das outras pessoas. Votar é o método de obtenção do poder legal de coagir os outros.
Robert LeFevre (1911–1986) foi um empresário e radialista de grande influência no movimento libertário americano. Defendeu o pacifismo e fundou a Freedom School (mais tarde renomeada para Rampart College) para disseminar sua filosofia.